terça-feira, 8 de julho de 2008

3º Capítulo

O salto do 2º capítulo deveu-se ao pedido de alguns amigos para que fosse adiado para uma data que permitisse a sua participação. Desse modo aproveitei para fazer algo que já tinha debaixo de olho há algum tempo.
Peguei no percurso dos 5 empenos e juntei-o ao do transpinhal (que não conhecia) o que deveria dar uma jornada a rondar os 100 quilómetros.

Não sei bem explicar porquê, mas há dias em que parece que a bike não está a 100% (ou se calhar sou eu). Há ali qualquer coisa que não bate certo, algo que me incomoda. Este foi um desses dias. Começou com a pressão dos pneus. Apesar de ser a habitual tive que parar por duas ou três vezes para tirar/ pôr ar até me sentir confortável em cima da bike. O pneu de trás teimava em escorregar nas subidas iniciais (mal eu sabia que mais tarde iria realmente descobrir o que era falta de tracção). Esta guerra acompanhou-me nos primeiros quilómetros e desapareceu algures entre as primeiras subida e descida do dia.


Como conhecia bem os primeiros quilómetros segui a bom ritmo até ao cruzamento dos dois percursos. Os mesmos seguem a par (com pequenas excepções) durante algum tempo, desde a Azinheira até à Relva. Ao fundo da Azinheira percorri mais uma vez o espectacular e muito técnico carreiro (prefiro o termo ao de single track) ao longo de alguns quilómetros acompanhando o curso da ribeira. A certo ponto o carreiro “desagua” numa desactivada levada de água que servia de motor a um dos vários moinhos de água da zona. “Desagua” o carreiro e eu também, é por ali que tenho que seguir.
No final fiz a primeira paragem para almoçar.




Esperava-me a subida para a Cabeça do Poço e outra para a Relva. A partir daí entraria no desconhecido. Sabia por onde iria passar após ter estudado o percurso no google earth mas as condições do terreno eram uma incógnita. Começou com caminhos florestais, mas rapidamente me deparei com vários carreiros “roubados” e bem aos percursos pedestres disponibilizados pela Câmara Municipal de Vila de Rei. A progressão era relativamente lenta devido à atenção que era necessário ter tanto com a roda da frente e com a lindíssima envolvência dos locais de passagem.



Um desses carreiros terminou num muito bem arranjado caminho empedrado que me levaria à pequena mas bonita localidade de Água Formosa com todas as casas em pedra e em excelente estado. Saí dali por mais um carreiro mas este bastante tapado por ervas e silvas onde me vi obrigado a seguir à mão algumas dezenas de metros. Foi aí que vi pela primeira vez um réptil voador. À minha frente, uma cobra saltou literalmente da encosta em cima para a de baixo sem tocar no chão. - Uma cobra a treinar para gato, pensei.



Continuei o caminho e atravessei várias hortas e pequenos quintais até que entrei num estradão bastante rápido e divertido onde pude finalmente meter a talega até que com um desvio à minha esquerda tudo mudou. Abandonei o estradão e entrei pelo mato dentro. A chuva que este ano se fez sentir até um pouco mais tarde do que é habitual fez com que as ervas crescessem demais tornando a progressão quase impossível, ora pela densidade da vegetação ora pela dificuldade em encontrar o caminho a seguir. Junte-se a isto o facto ter de atravessar a mesma ribeira três vezes (o que até soube bem devido ao calor que se fazia sentir) e demorei quase hora e meia para fazer 4 quilómetros. Media assustadoramente alta.
Mais à frente fiz a segunda paragem para almoçar, onde aproveitei para me esconder do sol e descansar as pernas.



Pouco à frente e numa das margens da ribeira esperava-me a subida até ao Milreu. O solo composto por areia e pedra solta tornava impossível não desmontar. Não gosto mesmo nada de o fazer, mas neste caso não havia outra hipótese. Não dava uma pedalada sem derrapar e quase não saía do sítio. Um esforço desnecessário uma vez que ainda havia muito caminho pela frente.
A chegada ao Milreu foi feita de sorriso nos lábios. Um misto de alegria (por deixar para trás aquele terreno) com boca seca, uma vez que a água já havia acabado há algum tempo. Parei no largo da igreja ao pé da fonte. Os vestígios da festa popular ainda se notavam. Pela quantidade de caricas no chão deu para perceber que os convivas estariam com tanta ou mais sede do que eu.



Continuei o caminho para Vila de Rei.
Aí chegado continuei o caminho que me lavaria até casa, faltavam ainda 48 quilómetros.
A saída de Vila de Rei foi feita por estradão, mas rapidamente entrei em mais um percurso pedestre que terminou numa bonita cascata.







Daí até à Fundada segui por um caminho já conhecido mas a parte final foi diferente e bastante engraçada, excepção feita a mais um troço onde as ervas abundavam.
Até à Relva do Boi segui quase sempre por estradão, e virei para a descida que leva até à ponte das Várzeas Carreiras onde me esperava uma subida longa e íngreme.




Nesta altura já começava a sentir a fadiga, e fui por ali acima calmamente até ao Chão da Telha. Continuei a subir para a Cumeada e daí até ao fim seria sempre a descer, uma vez que a Sertã fica num vale.
Foram 111 quilómetros bem durinhos com um acumulado ascendente de 2531 metros.



Fazendo a comparação com o primeiro capítulo, este teve só 19 quilómetros a mais e um acumulado semelhante. Nunca andei acima dos 560 metros, mas o sobe e desce constante sempre em terra e a dureza do percurso tanto a nível técnico (com muitos carreiros e subidas sem tracção) como físico fizeram com que chegasse muito mais cansado e tivesse demorado consideravelmente mais tempo.
É sem dúvida uma volta a repetir, à qual farei umas pequenas alterações, para fugir à parte da erva onde não é possível pedalar.
O 2º capítulo fica assim adiado, mas não anulado à espera de uma data a marcar posteriormente.
Até lá.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Primeiro Capítulo

Dos passeios que me propus fazer, resolvi começar por este por ser um percurso circular à volta da Sertã com uma dificuldade inicial aceitável, tanto a nível de quilómetros como de altimetria. O percurso, um verdadeiro parte pernas, com subidas e descidas constantes, mas como eu gosto. Juntei-lhe a subida ao picoto Raínho o que daria uma altimetria a rondar os 2200 metros de acumulado ascendente. Para começar é bom, pensei.
Saí da Sertã pelas 9.10 horas.
Como habitualmente o início foi feito a subir. Rapidamente deixei o alcatrão e entrei num estradão de terra batida com bom piso.
Pouco depois a primeira subida do dia. Curta mas muito íngreme e com alguma pedra solta o deu origem às primeiras gotas de suor. O aquecimento estava feito.
Segui em direcção à Cruz do Fundão através daquele carrossel demolidor. Aí chegado fiz a primeira paragem para abastecer de água.
Desci então meia dúzia de quilómetros até cruzar a ribeira grande e começar a longa subida para o picoto. Optei por um andamento certo, bom sem ser demasiado forte e apenas com uma ou duas paragens rápidas para fotografias. O calor apertava, mas à medida que ia subindo um vento por vezes demasiado forte ajudava a refrescar. A chegada lá acima foi rápida. Uma ou duas fotos e após inspirar o ar puro lá do alto, lancei-me por ali a baixo em direcção ao Figueiredo onde faria uma pausa para almoçar. A paragem foi no largo da Igreja. Não vi vivalma.
Continuei a descer até à ponte das Pombas. Transposta esta comecei mais uma subida que me levaria perto do Mosteiro de Santiago, também esta bastante inclinada e sem sombras.
Mais uma descida e uma subida, desta feita para o picoto da Pederneira a que também chamo o primeiro empeno (este nome é devido aos 5 empenos). Como aí cheguei relativamente cedo e me sentia bem, resolvi prolongar a volta mais uns quilómetros do que tinha previsto inicialmente.
Segui então o trajecto dos 5 empenos e dirigi-me serra da Longra acima subindo ao segundo empeno. Desci então para o Marmeleiro e mais ainda para o Muro onde me esperava a subida para a Azinheira e mais ainda para as Cortes.
A partir daí iniciei o regresso a casa onde cheguei um pouco antes das quatro da tarde e ainda bem a tempo de passar o resto da tarde refastelado no sofá a ver os jogos do europeu.
No final, os quilómetros em vez de 83 acabaram por ser 92 bem como o acumulado que tal como o percurso subiu para 2523 metros, um número bastante simpático.
Qualquer dia há mais.











segunda-feira, 9 de junho de 2008

Cenas dos próximos capítulos...

Com a chegada do sol e do calor (finalmente) decidir planear e fazer um conjunto de travessias que já andavam debaixo de olho há algum tempo.
Estas travessias serão feitas ao fim-de-semana e também ao longo das férias que aí vêm e têm como objectivo a preparação para a travessia final. Esta última parte da Sertã, passando pela Senhora das Neves na Serra da Lousã e terminando no alto da torre da Serra da Estrela a 2000 metros de altitude. A mesma realizar-se-á ao longo de 2 dias e terá um total de 180 quilómetros com um acumulado de quase 7000 metros. Prevê-se portanto uma subida bastante engraçada.
Todas as travessias serão sempre realizadas em autonomia, a solo ou (e preferencialmente) na companhia de amigos ou de mais alguém que queira participar.

As datas ainda não estão marcadas, (à excepção da primeira) que será em princípio amanhã. As restantes datas irão sendo aqui colocadas.
Aqui fica a lista das travessias, dos quilómetros e das respectivas altimetrias.
Todos os que quiserem participar, serão bem-vindos.

Os 4 cantos da Sertã.

De Pedrogão Pequeno ao alto do Trevim

Da Sertã a Santo António das Neves na Serra da Lousã


Triumviratum BTT / Rota das Cidades Históricas (todas as informações em http://triumviratumbtt.blogspot.com/)

Da Sertã à Torre (Serra da Estrela)

terça-feira, 27 de maio de 2008

No reino de Tolkien

Reunimo-nos mais uma vez na Sertã desta vez para uma ida até Pedrógão Pequeno. Seria uma volta mais fácil do que o habitual, aproximadamente 70 quilómetros e um acumulado de 1500 metros. No que diz respeito ao percurso, a beleza do mesmo a todos deslumbrou pela quantidade de imagens pouco habituais. Pedrógão Pequeno fica situado na margem do Zêzere, sendo que a separação de Pedrógão Grande é feita precisamente pelo rio. O local é bastante rico em trilhos para a prática de btt, grande parte deles desenhados ao longo das encostas do rio.
Desta vez éramos quatro, o Nuno, o Valter, o Pinto e eu. O objectivo era andar a bom ritmo com poucas paragens.
A saída da Sertã fez-se já por volta das 10 com o céu completamente forrado a ameaçar o que pouco tempo depois acabaria por cumprir - água. O início foi feito por caminhos florestais bastante verdes devido à chuva fora de época.


Várias subidas depois fizemos a primeira paragem numa fonte para abastecer de água e comer qualquer coisa. Estávamos a meio caminho de Pedrógão e a chuva agora aparecia a curtos espaços mas sem grande intensidade.
Havia a hipótese de se subir a serra do Viseu, mas os vários quilómetros que iríamos fazer em estradão levou-nos a optar por algo diferente.
A partir daí cruzámos algumas aldeias e bastantes terrenos, outrora cultivados mas agora deixados ao abandono. É consequência da desertificação do interior e do envelhecimento da população.


Na chegada a Pedrógão fomos recebidos por uma chuva mais forte e acabámos por parar na minha casa (ainda em reconstrução na falésia do Zêzere) onde nos abrigámos da chuva e almoçámos (salvo seja).


Ficámos por lá bastante tempo à conversa. A chuva entretanto havia parado, mas recomeçou ao mesmo tempo que nós. Ainda tentámos enganá-la com um café quentinho tomado em Pedrógão. Nada feito.
A partir daí iniciou-se a parte mais deslumbrante do passeio com a descida de uma geira empedrada até à ponte filipina (que fica por baixo da nova ponte), antigamente a única ligação entre os dois Pedrógãos, o Grande e o Pequeno.








O contraste entre o antigo e o moderno é impressionante.
Estávamos à beira rio.
Os grandes maciços em granito decorados com abundante vegetação entram pela água dentro ou saem dela para fora fazendo-nos sentir muito pequeninos. Somos obrigados a parar diversas vezes para apreciar a grandiosidade do local. Parece quase uma revisita aos cenários do Senhor dos anéis.







Seguimos durante algum tempo com o rio como guia até que começámos a subir, logo após a passagem num túnel que nos dá a impressão de estarmos a entrar noutra dimensão.





A subida fez-se com a alegria do costume e desta vez sem paragens até final (ou quase).
A paisagem mudava rapidamente a cada pedalada mas sempre fresca e verde. Ainda vimos o sol por uma ou duas vezes mas muito de passagem.




A única paragem que fizemos teve por objectivo evitar que as cerejas pendentes de duas cerejeiras que se cruzaram connosco se estragassem.




Continuámos então caminho até que a chuvinha que nos havia acompanhado se transformou em chuvada, isto a 10 quilómetros do final. Resolvemos cortar caminho e regressámos à Sertã o mais depressa possível com a chuva a cair com força, qual agulhas que se espetavam na pele e mal nos deixavam ver o caminho, afinal ainda havia um churrasco à nossa espera e duas garrafinhas de Corga da Chã, um Chaminé e um Esteva para degustar.
Dia 21 haverá uma reedição desta volta com todos os amigos que desta vez não puderam estar presentes e aqueles que se nos quiserem juntar.
Até lá.