Reunimo-nos mais uma vez na Sertã desta vez para uma ida até Pedrógão Pequeno. Seria uma volta mais fácil do que o habitual, aproximadamente 70 quilómetros e um acumulado de 1500 metros. No que diz respeito ao percurso, a beleza do mesmo a todos deslumbrou pela quantidade de imagens pouco habituais. Pedrógão Pequeno fica situado na margem do Zêzere, sendo que a separação de Pedrógão Grande é feita precisamente pelo rio. O local é bastante rico em trilhos para a prática de btt, grande parte deles desenhados ao longo das encostas do rio.
Desta vez éramos quatro, o Nuno, o Valter, o Pinto e eu. O objectivo era andar a bom ritmo com poucas paragens.
A saída da Sertã fez-se já por volta das 10 com o céu completamente forrado a ameaçar o que pouco tempo depois acabaria por cumprir - água. O início foi feito por caminhos florestais bastante verdes devido à chuva fora de época.
Várias subidas depois fizemos a primeira paragem numa fonte para abastecer de água e comer qualquer coisa. Estávamos a meio caminho de Pedrógão e a chuva agora aparecia a curtos espaços mas sem grande intensidade.
Havia a hipótese de se subir a serra do Viseu, mas os vários quilómetros que iríamos fazer em estradão levou-nos a optar por algo diferente.
A partir daí cruzámos algumas aldeias e bastantes terrenos, outrora cultivados mas agora deixados ao abandono. É consequência da desertificação do interior e do envelhecimento da população.
Na chegada a Pedrógão fomos recebidos por uma chuva mais forte e acabámos por parar na minha casa (ainda em reconstrução na falésia do Zêzere) onde nos abrigámos da chuva e almoçámos (salvo seja).
Ficámos por lá bastante tempo à conversa. A chuva entretanto havia parado, mas recomeçou ao mesmo tempo que nós. Ainda tentámos enganá-la com um café quentinho tomado em Pedrógão. Nada feito.
A partir daí iniciou-se a parte mais deslumbrante do passeio com a descida de uma geira empedrada até à ponte filipina (que fica por baixo da nova ponte), antigamente a única ligação entre os dois Pedrógãos, o Grande e o Pequeno.
O contraste entre o antigo e o moderno é impressionante.
Estávamos à beira rio.
Os grandes maciços em granito decorados com abundante vegetação entram pela água dentro ou saem dela para fora fazendo-nos sentir muito pequeninos. Somos obrigados a parar diversas vezes para apreciar a grandiosidade do local. Parece quase uma revisita aos cenários do Senhor dos anéis.
Seguimos durante algum tempo com o rio como guia até que começámos a subir, logo após a passagem num túnel que nos dá a impressão de estarmos a entrar noutra dimensão.
A subida fez-se com a alegria do costume e desta vez sem paragens até final (ou quase).
A paisagem mudava rapidamente a cada pedalada mas sempre fresca e verde. Ainda vimos o sol por uma ou duas vezes mas muito de passagem.
A única paragem que fizemos teve por objectivo evitar que as cerejas pendentes de duas cerejeiras que se cruzaram connosco se estragassem.
Continuámos então caminho até que a chuvinha que nos havia acompanhado se transformou em chuvada, isto a 10 quilómetros do final. Resolvemos cortar caminho e regressámos à Sertã o mais depressa possível com a chuva a cair com força, qual agulhas que se espetavam na pele e mal nos deixavam ver o caminho, afinal ainda havia um churrasco à nossa espera e duas garrafinhas de Corga da Chã, um Chaminé e um Esteva para degustar.
Dia 21 haverá uma reedição desta volta com todos os amigos que desta vez não puderam estar presentes e aqueles que se nos quiserem juntar.
Até lá.