Todos os factos aqui descritos, são isso mesmo, factos. Tudo isto aconteceu de uma maneira ou de outra, pelo que quase posso jurar que assim foi.
Há já algum tempo (desde a preparação para o GTSA) que eu, o Filipe, o Nuno e o Pedro corremos juntos, não corremos de mãos dadas nem nada disso, que se entenda, mas andamos ali perto uns dos outros (pelo menos nos treinos). Não me posso esquecer do João Tiago, com quem corro há mais tempo e fiz a maior parte da preparação para esta corrida, mas desta feita o João foi para os 80 e nós para os 30. O Filipe ainda sugeriu os 80 (há gajos que têm uma necessidade constante de provar a sua masculinidade) mas acabámos por fazer os 30.
Apesar de não termos estratégia para a prova, acabámos por ter definido cada um a sua própria. De uma forma geral consistia em correr para a frente o mais depressa possível. Assim a frio, parece-me bastante boa.
Combinámos na minha casa de forma a seguirmos todos juntos e uma vez que estava a chover propus-me levar o carro para que pudéssemos ir e voltar em segurança. O Filipe havia trazido roupa da equipa (a Pinhal Total) para impressionarmos pelo nosso aspecto. Se não o conseguíssemos fazer pela prestação na corrida, pelo menos arrasaríamos pelo guarda-roupa, além do mais todos com um tamanho acima parecíamos ainda maiores e mais imponentes. A táctica ainda que camuflada, estava lá –amedrontar os adversários com a aparência. O ponto 1 estava cumprido.
Lá chegados foi o esperado, os olhares viravam-se à nossa passagem. Enquanto fui estacionar o carro, a restante comitiva foi levantar os dorsais. Claro que me distraí à conversa com as caras conhecidas sendo que os preparativos finais tiveram que ser feitos em ritmo rápido, assim como que um aquecimento para a corrida. Tínhamos pensado em não ficar muito atrás para não apanharmos a confusão inicial da entrada nos trilhos, coisa que acabou por não ser possível por causa dos preparativos finais. Entrámos bem no fundo do pelotão como é habitual. Depois queixam-se de nunca aparecer nas fotos. Curiosamente, ou talvez não, desta vez apanharam-nos a todos bem lá atrás enquanto esperávamos a partida. Todo o meticuloso trabalho de aquecimento executado no caminho para a meta foi posto em causa pela chuva que começou a cair antes da partida. Assim é difícil cumprir à risca o plano de corrida.
(o Pedro a pôr a táctica em prática)
Prólogo – confesso que não ouvi porque estava em animada conversa com a restante equipa (desconfio que eles também não)
A equipa;
O Pedro – o mais rápido de todos. A estratégia dele é deixar-me puxar a maior parte do tempo (há fotografias que o comprovam) mantendo-se ali no meu cone de vento durante quase todos os primeiros 800 metros e depois fresquinho ultrapassa-me e termina à minha frente. Assim também eu, mas como ainda não consigo ir atrás de mim… Já o ultrapassar-me, acho que o consegui em algumas das descidas enquanto deslizava encosta abaixo. Ainda assim é um aspecto a melhorar.
O Filipe – o mais… ummmmmmmmm, não é fácil juntar na mesma frase um adjectivo ao nome Filipe e ao advérbio mais. Digamos, é de todos o que tem a relação mais complicada com as máquinas fotográficas. A estratégia dele é seguir atrás do Pedro e acompanhá-lo o mais possível. Parece que uma vez chegou a fazer 2 quilómetros inteirinhos assim.
O Nuno – o atleta por natureza. Ele faz tudo; corre, anda de btt, faz ski, já fez um half ironman e é o único com plano de treinos. Só para verem como é, faz treinos de recuperação a 4 minutos o quilómetro e na quinta-feira anterior à corrida ainda se deslocou à Golegã para limpar o primeiro lugar nos 100 metros balcões. Optou ainda pelo look homem-bomba (tipo -se se aproximam expludo-me e levo meia dúzia comigo) de forma a não levar ninguém na sua roda.
Eu – o mais jeitoso, e chega, que não estou aqui para falar de mim.
A partida – logo que nos foi possível, começámos a correr (afinal era para isso que ali estávamos) e fomos ultrapassando alguns corredores que se iam afastando à passagem do Nuno. Entrámos no trilho lá para o meio do pelotão. A primeira parte paralela ao rio é bastante bonita e serve de aperitivo para o que lá vem. Depois de passarmos o rio, começámos a subir até ao Castelo. De lá continuámos a subir até ao Candal, a primeira aldeia de xisto por onde passaríamos. O Pedro depois de sair do meu cone de vento, foi-se afastando levando o Filipe no seu. Entretanto comecei a fingir que estava cansado, para enganar a concorrência. O Nuno seguia sempre ao alcance da vista e assim nos mantivemos até ao Candal, pois ainda não era a hora certa de lançar o ataque. Ainda vimos o Pedro e o Filipe que estavam a sair quando chegámos. Desta vez e só desta vez, o Filipe seguia atrás do Pedro. O Nuno entretanto já havia fixado um alvo “a abater” e quando isso acontece, não há quem o demova de tais intentos. No primeiro geo-raid foi o João Garcia, desta feita foi uma anónima camisola às bolinhas verdes. Foi com as bolinhas verdes debaixo de olho que chegámos a mais uma subida. Esta sim, fazia parecer que até aí tínhamos corrido a direito. Como ainda era cedo e tínhamos que fazer render os 20 euros da inscrição, optámos por fazê-la a caminhar, repito, optámos, mas sempre com as bolinhas verdes debaixo de olho. Lá em cima, andámos num sobe e desce constante até que chegámos a uma descida que me fez logo vontade de voltar a subir. O objectivo era deslizar encosta abaixo por um carreirinho de lama tentando evitar as árvores que teimavam em aparecer-nos à frente de forma inesperada e sem fazer a espargata. Ainda vi umas entradas bem merecedoras de cartão vermelho. Entretanto o Nuno aproveitando as suas noções de ski (eu bem digo que o homem faz tudo) havia desaparecido da minha vista. Para aí 3 horas depois cheguei lá abaixo. Quando cheguei ao alcatrão vi o Nuno lá ao fundo e assim nos mantivemos até ao segundo reforço. Para o manter motivado volta e meia ia gritando pelo nome dele e à sua resposta ia avisando “vou-te apanhar” mas nunca o fiz para o manter moralizado. Eis que a escassos metros do segundo reforço no Talasnal ecoou pela serra o seguinte “NÃOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO”. Afinal era só o Filipe a demonstrar a dor que sentia por ter sido apanhado por nós. Comemos qualquer coisa e saímos dali a correr. O Nuno partiu fortíssimo e o Filipe ainda visivelmente afectado teve alguma dificuldade em acompanhá-lo. No meio disto tudo conseguiu escorregar algumas vezes, cair uma delas, ter uma cãibra no braço???? e deixar cair uma coisa que havia comprado para as sapatilhas sem que tivesse perguntado como é que aquilo se colocava e para que é que servia.
Mais uma subida valente (esta para o Chiqueiro) onde voltámos a optar por não correr para apreciar devidamente a passagem pela bonita aldeia do Casal Novo. À frente entrámos num estradão coberto de folhas de castanheiro que terminava em mais uma parede que me fez olhar duas vezes para ver se não estava a alucinar. Como já estava farto de apreciar a paisagem e de me fingir cansado resolvi apreciar o chão que apresentava uns lindíssimos tons de castanho lama porque era o único sítio para onde conseguia olhar. Lá em cima estava próximo o último reforço. Daí até ao fim seria sempre a descer pelas pistas de downhill. Por esta altura as caras que por ali andavam eram quase sempre as mesmas umas vezes mais à frente outras mais atrás. A descida fez-se para baixo e quase toda na companhia do Pedro Gabriel que tal como eu vinha a fingir cansaço e ainda cãibras nas pernas (que como toda a gente sabe é o sítio onde elas costumam aparecer quando se corre). Daí até ao final fomos conversando enquanto corríamos (o que deita por terra o mito de que os homens são incapazes de multitasking). O Pedro ainda tentou uma manobra menos leal para me deixar para trás quando lançou um “se quiseres ir mais depressa não esperes por mim” nitidamente à procura que me engasgasse numa mistura do próprio riso com a falta de ar. Ainda assim aguentei-me (mais ou menos) e lá chegámos os dois ao fim juntos (mas não foi de mãos dadas nem nada disso). Nos últimos metros ainda tivemos a companhia do Pedro que já terminara hà meia hora e que: 1-veio gozar connosco, 2-procurava não arrefecer ou 3-procurava a chave do carro que estava comigo e ansiava um regresso em segurança. E assim durante uns metros foram 3 Pedros a espalhar magia por aquelas ruas da Lousã, e depois a organização é que colhe todos os louros.
Mais uma subida valente (esta para o Chiqueiro) onde voltámos a optar por não correr para apreciar devidamente a passagem pela bonita aldeia do Casal Novo. À frente entrámos num estradão coberto de folhas de castanheiro que terminava em mais uma parede que me fez olhar duas vezes para ver se não estava a alucinar. Como já estava farto de apreciar a paisagem e de me fingir cansado resolvi apreciar o chão que apresentava uns lindíssimos tons de castanho lama porque era o único sítio para onde conseguia olhar. Lá em cima estava próximo o último reforço. Daí até ao fim seria sempre a descer pelas pistas de downhill. Por esta altura as caras que por ali andavam eram quase sempre as mesmas umas vezes mais à frente outras mais atrás. A descida fez-se para baixo e quase toda na companhia do Pedro Gabriel que tal como eu vinha a fingir cansaço e ainda cãibras nas pernas (que como toda a gente sabe é o sítio onde elas costumam aparecer quando se corre). Daí até ao final fomos conversando enquanto corríamos (o que deita por terra o mito de que os homens são incapazes de multitasking). O Pedro ainda tentou uma manobra menos leal para me deixar para trás quando lançou um “se quiseres ir mais depressa não esperes por mim” nitidamente à procura que me engasgasse numa mistura do próprio riso com a falta de ar. Ainda assim aguentei-me (mais ou menos) e lá chegámos os dois ao fim juntos (mas não foi de mãos dadas nem nada disso). Nos últimos metros ainda tivemos a companhia do Pedro que já terminara hà meia hora e que: 1-veio gozar connosco, 2-procurava não arrefecer ou 3-procurava a chave do carro que estava comigo e ansiava um regresso em segurança. E assim durante uns metros foram 3 Pedros a espalhar magia por aquelas ruas da Lousã, e depois a organização é que colhe todos os louros.
(tentativa falhada de alongamento)
Ainda troquei umas palavras com o Fernado Pinto e com o Remi e de seguida alongámos (eu pelo menos tentei) e fomos tomar banho.
Seguiu-se o almoço e ao ver as fotografias do dia, descobri que o Alex também por ali estava, mas nem sequer o consegui ver.
O Filipe ainda tentou que a organização o fizesse subir uns lugares, mas ao que parece sem efeito. Entretanto aparece por ali o Armando Teixeira a perguntar se não nos importávamos de tirar um retrato com ele. Com a simpatia e humildade dos grandes campeões acedemos prontamente ao seu pedido. É sempre bom ver a felicidade espelhada nos olhos de alguém, como aconteceu com o Armando. Quem sabe se isto não o motiva para que um dia se possa tornar num grande corredor, quem sabe… se assim for ficaremos ainda mais felizes.
O regresso apesar de feito em segurança foi algo desconfortável, devido ao tamanho do ego do Filipe e do Nuno (que enchia todo o carro) por terem ficado à minha frente. Vamos ver se nos Abutres se a coisa muda. Pelo menos nos mind games sou fortíssimo.
(agora que a menina se foi embora, dava para subir aí uns lugares? dava? vá lá...)
(este sim o verdadeiro campeão)
Epílogo
Sinto-me de facto bastante contente por este dia. Correu tudo bem. Começámos a rir logo de manhã e continuámos durante todo o dia. O ambiente entre todos é fantástico e sempre que estamos juntos (mas não é de mãos dadas nem nada) acontece o mesmo. Parti com bastante medo do meu aquiles, que me vinha a doer bastante nas últimas semanas, mas apesar de ter dado sinal, nunca incomodou muito. Até isso correu bem. A go outdoor está mais uma vez de parabéns pela organização, além da simpatia que os caracteriza. Obrigado aos meus colegas de equipa por me aceitarem assim como sou (mas também lá está o Filipe, por isso não me parece que haja grande critério na escolha dos atletas) ao Pedro Gabriel pela boa companhia nos últimos quilómetros e ao Pedro João Reis que vim a descobrir ser o possuidor da camisola às bolinhas verdes que serviu de motivação ao Nuno. Uma palavra especial para o Armando por toda a simpatia e simplicidade mais uma vez demonstrada.
Um abraço especial ao João Tiago que foi aos 80 e conseguiu terminar a prova e para a Natércia com o seu brilhante segundo lugar feminino. Parabéns.
A próxima será a 26 de Janeiro nos Abutres mas antes ainda nos encontraremos por aí, quanto mais não seja no jantar de Natal. É melhor começar a treinar, pelo menos para o segundo lugar, porque até aí o Nuno leva uma preparação mais avançada.