2º episódio da trilogia na Gata. Depois da extraordinária primeira parte, as expectativas eram muito altas, o que poderia dar origem a desilusão. Mas não foi assim. Esta 2ª parte foi a quase todos os níveis diferente da primeira, mas igualmente memorável.
Desta vez, entre os outros companheiros albicastrenses, iria contar com a companhia do sargento Domingos. Para nós a festa iria começar um dia antes, e assim foi.
Vindos da capital e da Sertã, encontrámo-nos em Castelo Branco. Depois de jantar, dirigimo-nos à aldeia de Aranhas onde iríamos passar a noite, sim, porque dormir não seria a palavra certa.
Acabámos por ir a Penamacor botar gasóleo na máquina do D. que entretanto havia chegado à reserva.
E já que lá estávamos... Não foi fácil escolher o local de poiso na movimentada noite penamacorense. O café central com caraoque e “mines” a 60 cêntimos pareceu-nos a melhor opção. É certo que era a única, mas ainda assim a melhor. Como a noite estava fortíssima acabámos por chegar a casa por volta das duas. Uma vizinha do alto dos seus 82 anos, havia-nos prometido um chá quentinho quando chegássemos. Àquela hora nunca imaginámos que ainda se encontrasse acordada. Mas encontrava. Lá terminámos a beber chá e a comer bolos até às 3 e tal da matina. Com o despertar marcado para as 6.30 e “meia dúzia” de quilómetros para fazer daí a umas horas, o panorama não seria o mais animador, mas não foi com esse espírito que fomos dormir.
Costumo acordar já bastante depois de me ter levantado. Desta vez acordei antes. Para aí no dia anterior. Ouvi o relógio da torre bater todas as horas. O D. volta e meia, marcava os quartos de hora. Confesso que quando me levantei de manhã, a vontade que tinha de o fazer era pouco mais que zero. Mas fazer o quê, tinha que ser, e como tinha que ser, foi mesmo.
Desta vez a partida foi de Hojos. O António havia prometido muita pedra e paisagens deslumbrantes. Desta vez começamos pelo início. E o início foi com alguma água que corria entre verdes e estreitos carreiros. A lama também se encontrava por lá. Desconfio que o António fez de propósito só para o Tiago sujar logo a bike no início.
Partimos em direcção a Villasbuenas de Gata. Depois começamos a subida por caminhos de terra, cujo piso, curiosamente, muito se assemelhava ao daqui. Começaram aqui os primeiros assaltos do dia. O D. ia distribuindo fruta (no verdadeiro sentido da expressão) por todos. É claro que nunca lhes disse que a fruta era deles, mas se não aceitaram foi porque não quiseram.
A partir da Aldeia de Gata, começou a subida do dia. Acho que se pode denominar mesmo de “A SUBIDA”. 5 quilómetros a subir até Puerto de Castilla numa calçada romana muito irregular. A compensar, a vista e as cores. A espaços, a mistura de tons da vegetação era soberba. Não cheguei lá acima sem cair, vá lá, tombei. Mas não fui o único. Já não consigo ir à Gata sem vir de lá com um joelho esfolado.
Em seguida e depois de um sobe e desce constante, daqueles que as pernas gostam começámos só um sobe até ao Pico Jálama. A partir daí foi pedra. E paisagens de encher o olho. Seguiram a par durante vários quilómetros, assim como nós. Parar era obrigatório para admirar tão sublime paisagem. Nem os olhos conseguiam alcançar tudo.
Daí até ao final, coisas estranhas aconteceram. O ciclo computador do Silvério apanhou um caminho alternativo e foi-se embora mais cedo. Já o António deu conta que lhe haviam roubado uma sandocha de queijo da Serra. Não quis aceitar metade da do Luís, porque ao que parece tinha couve. Fiquei-me eu a rir. Aquele presunto soube-me pela vida. Fui até ao fim com o gostinho na boca. Lições a tirar; manter os ciclo computadores debaixo de olho (principalmente os que não ficam quietos) e não levar petiscos para o monte.
Para terminar, deixo um agradecimento a todos pelo excelente dia (claro que a vontade de pedalar, regressou com as primeiras pedaladas), pelo companheirismo e boa disposição. Um especial ao António que continua a ser o principal culpado por estes dias excelentes.
Parafraseando o mesmo deixo aqui o que resume tudo isto “como é possível não gostar de andar de bike”. Pois, assim é impossível, acrescento eu.