Segunda à noite, estava eu tranquilo a fazer zapping pela quantidade absurda de canais que possuo (todos os 4) quando recebo um telefonema do Filipe a convidar-me para uma corrida nocturna em Oleiros com o Nuno e mais uns amigos de lá. Claro que a minha vontade imediata foi aceitar. Encontrava-me então com um demónio em cima do ombro que me dizia para aceitar e ir, não importando nada a minha preparação, ou a falta dela. Do outro o anjo do bom-senso que me dizia para ficar em casa tranquilo em vez de ir para Oleiros desgraçar a minha vida. O Filipe foi avisando que a primeira hora seria sempre a subir até ao cimo da serra de Alvelos sendo que depois descia-se de novo até Oleiros. Seriam mais ou menos 20 quilómetros e depois de nova passagem por Oleiros voltar-se-ia a subir de novo mas por outro lado, fazendo-se mais 9 quilómetros. Pontos contra; ter recomeçado a correr há pouco tempo; fazer até então corridas no máximo de 8 quilómetros; ser à noite (pelo menos no btt nunca gostei de provas nocturnas) e não sei se já tinha dito, a primeira hora ser sempre a subir. Pontos a favor… não me conseguia recordar de nenhum, a não ser a excelente companhia em que encontraria, mas isso não me livraria do empeno, mas só por si valeria bem a pena. Quando dei por mim, o anjo do bom-senso desaparecera o que me levou a seguir o conselho do demónio (poderão ser sempre os piores, mas também sempre os mais interessantes). Apesar de tudo poderia sempre fazer só os 20 quilómetros e ficar por ali. Ainda telefonei ao Nuno que me descansou e me disse que se o ritmo fosse muito forte, ficaria comigo mais para trás e eles teriam que esperar por nós por não sabermos o caminho. Vim a descobrir tarde de mais que o Nuno após umas férias a fazer treino em altitude estava fortíssimo, but the damage is done.
A partida estava prevista para as 8, mas eu e o Nuno atrasámo-nos, mas foi um atraso propositado e passo a citar “para que passe o efeito de todas as merdas que eles tomaram”. Acabámos por sair por volta das 9 e tal. Cinco. O número de participantes, o que à partida me garantia um lugar no top five, o que era excelente. A minha esperança de que o Filipe tivesse exagerado um bocadinho a coisa, depressa se esfumou. Logo à partida apontou para umas luzinhas lá ao cimo e lá ao fundo e disse que era para ali que tínhamos de ir, o que vim também a descobrir tarde de mais que não era exactamente assim, era ainda um bocadinho mais acima.
Os primeiros quilómetros ainda pouco inclinados foram acompanhados de conversa da boa onde apesar de tudo fui dizendo que afinal subidas daquelas fazia eu ao pequeno-almoço. Mais valia dizer alguma coisa enquanto podia. Com o avançar dos quilómetros a subida foi inclinando e a conversa foi sendo substituída por um arfar. Pelo menos eu não ouvia mais nada. O Nuno ia lá para cima. Não sei ao certo o que é que ele tomou, mas era de qualidade superior. Consegui fazer quase tudo a correr à excepção dos últimos metros. Apesar de tudo fui o último a chegar, ainda assim não os fiz esperar muito (acho eu). Para o treino que tinha fiquei bastante contente com a minha prestação. Ainda tentei tombar o Filipe para não chegar em último, mas ele teimou em não cair. Tínhamos subido dos 527 aos 1072 metros com algumas pendentes bem interessantes pelo meio de 27%. A noite estava muito boa sendo que lá em cima a temperatura era de 22 graus.
Para baixo curiosamente foi sempre a descer e ainda fizemos um desvio por uma charca onde se passam coisas estranhas, ou então é aquela gente de Oleiros. Ainda consegui deixar cair a tampa do meu ex-bidão para dentro de uma fonte, agora está transformado em copo. Enfim, mais uma para juntar ao dropout.
A chegada a Oleiros fez-se a bom ritmo mas como era a descer, voltou a conversa. Apesar de ainda conseguir aguentar mais qualquer coisa, achei que para início estava bom. Ainda havia outra serra para subir e mesmo que mais pequena, não havia necessidade de borrar a pintura. Fiquei por ali com o Nuno, mas o da Covilhã, não o de Abrantes (esse ainda cheio de força parecia que tinha ido só ali ao fundo da rua ao pão). O Filipe teve a amabilidade de telefonar à esposa para que deixasse tomar banho e que me emprestasse uma t-shirt cujas palavras foram mais ou menos estas “vais à gaveta e tiras a t-shirt mais foleira que lá estiver, uma que eu não goste e nunca use”. Obrigado Filipe; daqui a duas semanas estaremos em Pedrogão e às vezes não tenho água quente em casa.
No final da noite ainda fomos comer um pica-pau e por lá nos mantivemos até por volta das 2.30 à conversa. Caí na cama por volta das 4 de estômago e alma cheios.
Ficou combinado uma vez por semana uma corrida na terra respectiva de cada um de nós, sendo que na próxima Quarta iremos até Abrantes. Vamos ver o que o Nuno nos terá reservado. Não perspectivo nada de bom. Com o respectivo atraso passarei por aqui para deixar a minha versão dos factos.
Obrigado ao Filipe pelo convite que em boa aceitei, ao Nuno pela boleia e aos restantes pela companhia. Foi uma noite de topo. Só mais uma coisa, ao contrário do btt, adorei correr à noite. Muito bom.