quinta-feira, 2 de abril de 2009

Os cinco empenos revisitados

Quem não adoraria dar a volta ao mundo
conhecer novas gentes, novas paisagens
quem não adoraria bem lá no fundo
partir para outras paragens.


A reedição dos 5 empenos aconteceu no passado dia 28 de Março, precisamente um ano depois da primeira edição.
Desta vez fomos 13, mas apesar disso o número foi de sorte.
O ano passado o objectivo era angariar algum dinheiro para ajudar o Samuel.
Este ano era apenas o de reviver o dia, a pedalar com os amigos do costume e com os outros, aqueles que se vêem apenas nesta ocasião.

Mas há aqueles que se contentam
apenas e só com a voltinha de Domingo
homens que nunca se lamentam
missa, bola e bingo.


Foi precisamente com esses, os que se vêem menos que começou esta edição.
O carteiro Jerónimo e o Sargento Domingos chegaram no dia anterior. A festa havia começado mais cedo... e ainda bem.

Durante o jantar aproveitámos para combinar a táctica para o dia seguinte. Viríamos posteriormente a esquecê-la, sabe-se lá porquê. Limitámo-nos a pedalar desenfreadamente.
Aproveitámos para ensaiar ainda uma música que adaptámos a umas quadras que o Jerónimo tinha feito especialmente para a edição deste ano, e que bem que isso soou, ou então foi do que bebemos.

Há namorados que vão para a montanha
há namorados que irão para centros comerciais
a volta pode ser tamanha
mas no fim cada um ruma a casa de seus pais.


O dia seguinte apresentava-se solarengo mas frio.
Com o aproximar da hora prevista os 13 foram chegando cheiinhos de vontade de empenar. De novo estavam o Ricardo e o Luís, todos os outros haviam estado no ano passado.

O Faísca ainda em recuperação também veio, mas de carro e acabou por ser o camera de serviço.

E qual será a volta que gostamos de dar?
a volta de bicicleta
uns dias devagar, outros a acelerar
pouco nos importa a meta.


Começamos então a subir em direcção ao picoto da Pederneira, o 1º dos empenos. Até aqui nada a assinalar. A descida fez-se rápida, pois a vontade de voltar a subir era mais que muita (digo eu...). Na verdade era tanta, que ao ficar a tirar umas fotos, o pessoal da frente meteu pela subida errada e acabou por fazer mais um empeno extra, porque uma vez que o caminho não era por ali tiveram que voltar atrás. Quem manda seguir o Alex, -pois se o homem nem encontra a bike no Jamor não estariam certamente à espera que encontrasse o caminho -como alguém disse a propósito!!

Já imaginaram numa volta, as voltas que a roda dá?
roda, rola, rodopia
milhares de muitas sei lá
se as tivesse contado, já sabia.


O segundo (terceiro para alguns) fez-se com a alegria do costume, porque lá no topo esperava-nos uma descida bem rápida que nos levaria até ao Marmeleiro onde parámos para abastecer de água. Continuámos a descer em direcção ao Muro e depois subimos para a Azinheira, onde mais uns quilómetros abaixo nos esperava o já famoso carreiro à beira da ribeira. Desta vez ninguém caiu, apesar do Valter estar com vontade...

Quando tentamos evitar alguém
somos capazes das voltas mais esquisitas
voltamos para trás à procura de ninguém
e sentimos as pernas bem aflitas.


Daí à Cabeça do Poço foi um saltinho, mas desta vez o Sr. Albino não estava em casa, logo não houve reforço extra para tristeza de muitos que estavam à espera da vinhasca para se lançarem ao 3º empeno. Um dos que ficou mais abatido foi o Valter e daí até lá acima voltou-se a ouvir o habitual -anda Valter Hugo!! -que chegou lá acima feito num oito, ou nas palavras do próprio -estou cá com uma preguiça!! Parece-me haver aqui alguma confusão no emprego de alguns vocábulos, mas...

Naquele dia que acordámos bem dispostos
com a alma cheia de alegria
damos voltas e mais voltas para todos os gostos
levamos a passear a moça, a avó e até a tia.


Passagem pelo Centro Geodésico de Portugal e descida para Vila de Rei onde parámos para almoçar. Ainda tivemos tempo para assistir a uma corrida de carros de rolamentos.

À saída de Vila de Rei, esperava-nos uma calçada romana, que serviu para chocalhar o almoço e o esqueleto. Seguíamos em direcção ao local mais bonito do nosso percurso a cascata do Escalvadouro. Após meia dúzia de inevitáveis fotos seguimos à procura do 4º empeno, que ainda se encontrava longe e havia muito ainda para pedalar.

Mas as melhores voltas que eu recordo
são as voltas de carrossel
acorda rapaz! E eu acordo,
não vês que estás apenas a olhar para um papel…!


A zona agora era de alguma pedra solta e apesar de não subir muito, acabava por fazer alguma mossa nas pernas. A passagem seguinte foi na Fundada e encaminhávamo-nos rapidamente para o último empeno, que apesar de ser o mais curto era o mais inclinado e com todo o acumulado nas pernas estava com vontade de ver no que dava. Entretanto ainda passámos na ponte das Charcas, ponte essa com uma peculiaridade singular, uma das extremidades está fixa num enorme rochedo, sendo impossível transpô-la de outra forma que não a pé.

As voltas que a vida dá,
ainda ontem em Santo Tirso, entregava correio
e hoje já estou por cá
junto dos meus amigo com o copo meio cheio.


Lá ao longe já se avistava o 4º empeno. Foi então que à medida que nos íamos aproximando do dito, o José, na base do mesmo ia andando aos círculos na esperança de não ter de seguir por ali. À sua pergunta -por onde é? a minha resposta foi inevitavelmente -é por aí mesmo! Fooooooda-se, foi o desabafo que se seguiu. De facto não nos ocorre muito mais para dizer quando se olha para aquilo. Apesar de tudo, quase todos tiveram ao mais alto nível subindo-o na totalidade sem desmontar.

Continuámos a subida até Palhais por mais alguns quilómetros onde parámos para beber água e onde um casal de anciãos ao ver tanto braço de trabalho como que em jeito de sonho, já nos viam a todos de roçadora na mão. Tivemos obviamente de declinar tão amável oferta.

Daí até casa ainda fizemos mais alguns quilómetros, onde se registou o único problema técnico do dia, um furo do Sargento Domingos. A chegada à Sertã, fez-se por uma valente descida que sugeri passar a ser o 1º empeno do ano que vem. Até lá logo se vê.

Apesar dos quilómetros, da dureza do percurso e do acumulado acabaram todos de sorriso nos lábios após tão dura jornada, ou se calhar era por estarem a pensar no jantar.

Termino esta crónica com a última quadra de todas as que o Jerónimo fez para este dia a que deu o nome de Às Voltas. De facto sem amigos, este dia não seria certamente o mesmo.

Tudo isto apenas para vos dizer
por mais voltas que um homem consiga suportar
dos amigos nunca se deve esquecer
e na amizade não há volta a dar


Para a semana ponho um vídeo com os melhores momentos deste dia.