No que diz respeito ao raid propriamente dito, a recepção decorreu sem falhas. No estacionamento couberam todos e sem atropelos, tal como no levantamento dos frontais. A marcação esteve exemplar com fitas, sinais e cal. Não havia grande margem para enganos. Grande parte das fitas foram reaproveitadas da edição do ano anterior. Quando se fala tanto em reciclar, estes jovens fazem ainda melhor – reutilizam.
O reforço, com uns picas singulares, além do chouriço, queijo da Serra e pão, não passou despercebido, nem mesmo para aqueles que não paravam.
Banhos com condições magníficas e água quente, é verdade, água quente e sem fila de espera com a distribuição dos atletas pelos balneários feita de forma perfeita.
Para o almoço também não houve tempo de espera superior a dois ou três minutos e a fartura foi garantida. Enquanto chegaram pessoas, os grelhadores nunca pararam de trabalhar. Ainda tive oportunidade de provar a pinga destinada aos homens das febras, que segundo os mesmos era um bocadinho mais “especial” do que a do almoço. A simplicidade e simpatia daquelas pessoas é contagiante. Apeteceu-me ficar ali a tarde toda.
Pessoalmente o raid correu-me bem, não a nível da classificação, mas não caí e diverti-me bastante, pelo menos até começar o sofrimento, o que felizmente só aconteceu na parte final (esta paragem fez-se notar). Comecei talvez com um ritmo forte, não para o habitual, mas para a minha condição o que me levou a abrandar um pouco no final (também não tinha outro remédio – estava todo roto). Já não me lembrava da última vez que tinha utilizado a avozinha, mas desta vez tive que recorrer a ela por duas ou três vezes, é que existiam por lá uns cumes jeitosinhos. Contento-me com o facto de nunca ter desmontado (esta foi uma private joke). Como já referi adorei a passagem nos quintais e hortas, os singles existentes e os feitos de propósito, o passar quase dentro das casas das terriolas que iam aparecendo no caminho, mas especialmente o grande smile desenhado no chão antes da meta. Ainda consegui sorrir.
Fui o trigésimo nono a chegar após os 59 quilómetros e 3h 22m.
Findo o almoço, ainda tive oportunidade de trocar duas ou três palavras com o Faísca e o Metralha. Não deu para muito mais, mas se não for antes haverá tempo para mais no próximo dia 29 na Sertã.
Não podia deixar de falar no brinde oferecido neste raid – um pequeno pinheiro para plantar. Parece-me um brinde muito mais inteligente do que uma qualquer t-shirt e revela uma preocupação com o planeta que habitamos que é constantemente mal tratado. Muitas das vezes são os próprios “bttistas” a deitar para o chão o papel de uma barra pois como é de conhecimento comum o seu peso e volume excessivos provocam graves lesões nas costas (esses deviam ficar confinados às pocilgas onde chafurdam).
Mas voltando ao brinde, ainda que só sejam plantados dez ou vinte dos duzentos pinheiros oferecidos, já terá valido a pena. Uma palavra para esta iniciativa – brilhante. O meu irei plantá-lo num local onde o possa ver crescer e recordar de onde veio e quem mo deu.
Numa altura em que cada vez menos tenciono participar neste tipo de eventos organizados, este será certamente um a repetir. Todas as organizações deviam olhar para este exemplo, para aprender como organizar um evento sem falhas e ainda ajudar quem precisa. Os Angarnas certamente não poderão ir de férias à custa do raid, mas farão algo de bem mais importante com o dinheiro.
Não quero terminar sem o desejo de rápida recuperação do Cagaréu Eduardo que se aleijou gravemente durante este raid e permanece internado nos cuidados intensivos em Coimbra. A recuperação será certamente demorada mas cá estaremos todos para o ajudar.