quarta-feira, 4 de março de 2015

Geo Tour 2015


O lado bom de se errar, reside precisamente no facto de se aprender alguma coisa com isso. Desse modo, não se volta a cometer a mesma asneira. Não foi obviamente o meu caso…

Nem tudo foi mau. O bttgardunha continua a proporcionar-nos um fim-de-semana memorável cheio de coisas boas, e à semelhança do ano passado, continua a ser dos eventos em que mais gosto de participar.
Passo então à explicação do que se passou. Quero esclarecer, que tudo o que aqui vou contar, é exactamente aquilo que se passou, sem tirar nem por e como o blog é meu, não há a possibilidade do direito ao contraditório.




A viagem

Desta vez a viagem correu bem. Decidimos ir só no dia e por pouco não nos apresentávamos sozinhos na linha de meta. Na noite anterior o David informou-nos que a partida era só ao meio-dia e não havia necessidade de chegarmos ao Fundão à mesma hora do sol. E de quem foi a culpa perguntam vocês? Minha, porque não li o programa das festas, mas pelo menos descarreguei os tracks de gps. Tivesse feito como o meu colega de equipa e a esta hora andávamos os dois perdidos no meio da Gardunha à procurar das fitas (ainda assim foi quase o que aconteceu.)


O parceiro

Se na edição do ano anterior falhei no principal critério (o da escolha de parceiro) este ano voltei a repetir e apresentei-me na meta na companhia do mesmo, o Nuno. Pelo menos cumpri o pressuposto (e aí sou inflexível) de escolher alguém menos bonito do que eu (atenção, menos bonito). Nesse capítulo e se houvesse prémio para a dupla mais sexy, tínhamos arrebatado o primeiro lugar facilmente. O meu parceiro nem sequer precisou de se apresentar com o seu bigode ultra-sexy. Um ponto a rever pela organização para o ano.



La revancha

Se se lembram (estou a falar para as duas pessoas que leram a crónica do geo-tour 2014) no ano anterior, o meu parceiro, enquanto assistia à minha total destruição, Gardunha acima, ia assobiando alegremente em jeito de “olha isto para mim está a ser um passeio no parque”. Este ano prometi a mim próprio que o mesmo não aconteceria, mas já devia saber que o meu parceiro deveria ter alguma na manga, para que a vingança não acontecesse. Se o meu plano de vingança estava em marcha, o Nuno havia concebido um só para boicotar o meu.




O gps

Eu levei o meu, com os tracks. O meu parceiro também levou o dele, mas sem tracks e sem carga. Se isto não é tentativa de boicote ao que se antevia um extraordinário desempenho, não sei o que é.


Dupla de três

Este ano, o David que havia ficado sozinho numa dupla de um (por impossibilidade do parceiro) iria juntar-se a nós numa dupla de três. Ainda assim como é uma pessoa precavida resolveu levar o próprio gps, com carga e com os tracks. Vês como é Nuno, é assim que se faz.



O objectivo

O objectivo para este ano, seria nada mais, nada menos, do que não piorar a prestação do ano passado. A fasquia estava elevada de tal forma que o Carlos Santos assim que viu a nossa inscrição desistiu de participar no geo-tour e acabou por participar numa prova lá para os lados de Leiria. Ainda estive para me inscrever nessa também, só para o baralhar.



Sábado

O dia começou mais tarde (graças ao David) e depois de nos encontrarmos na Sertã, seguimos até ao Fundão.
Depois de nos deslocarmos até ao secretariado fomos preparar as coisas e discutir a tática de corrida. Eu resolvi optar pela do ano passado (seguir a fundo no primeiro dia e gerir a vantagem no segundo) e o Nuno por outra qualquer que se terá lembrado no momento.

10 minutos antes da partida, chega a Paula e o Leonel que também não devem ter visto o programa das festas e vieram só quando lhes deu mais jeito e mesmo assim chegaram a tempo. Foi bom revê-los à partida e seria só mesmo aí, porque com o ritmo que iriamos impor só nos voltavam a por os olhos em cima, ao jantar.

Com a conversa esqueci-me de por o gps a zero, mas pelo menos o track estava activo e o gps carregado, já o meu colega levava com ele apenas aquele local destinado ao gps, mas vazio, sem gps, nem tracks, nem carga.

A saída foi a fundo a espalhar pó pelas ruas do Fundão. Comecei a notar na cara do Nuno um esgar de dor, uma cara de quem não consegue respirar tudo aquilo que precisa, isto só durante algum tempo, pouco depois deixei de o ver, tal o ritmo diabólico em que seguia.  A coisa estava a correr bem. Uns quilómetros depois, tive um problema nas mudanças e tive de parar para o resolver sendo que o Nuno parou para me ajudar. Que simpático, desconfio que só o fez para poder baixar um bocadinho o ritmo cardíaco, além do mais tenho quase a certeza que foi ele que me mexeu nas mudanças enquanto fui ao secretariado.

Pouco depois veio a primeira subida do dia. Curta mas inclinadinha. Depois o espectacular carreiro do Cabeço do Pião com a subsequente passagem por aquela paisagem meio lunar e o carreiro que nos levava até à Barroca do Zêzere onde havia terminado o primeiro dia do ano passado. Aqui terminava o gozo e começava o sofrimento com uma interminável subida que nos levava dos 400 aos 1000 metros.

Daí até à Fraga Alta foi sempre a descer e mesmo antes da chegada fomos brindados com um carreirinho bem bonito até São Jorge da Beira.

O David já esperava por nós à porta da escola onde iriam ficar as bikes. Se até aí o Nuno se tinha vindo a poupar, daí para a frente, foi vê-lo na liderança. A caminho dos banhos desapareceu da nossa vista, tal foi o ritmo imposto até aos balneários. Percebi depois o motivo… as massagens. Os banhos correram bem. Quando entrámos no balneário havia bastante vapor no ar. Percebemos depois que era aquele vapor que o corpo larga em contacto com a água fria. Fria e sem pressão, a combinação perfeita, que mais se pode querer? Saímos de lá, com mais dois ou três cabelos no peito.

O Nuno como não havia levado gps (não sei se já tinha referido isso) numa tentativa desesperada de cancelar a nossa participação no dia seguinte, enfiou o meu gps (com os tracks e com carga) no bolso do casaco que tinha utilizado nesse dia e na esperança que o odor afugentasse os mais curiosos resolveu deixar ambos no balneário. As hipóteses na sua cabeça eram várias; ou ninguém lhe tocava evitando o cheiro nauseabundo a transpiração que o casaco emanava, ficando lá até apodrecer, ou alguém aproveitando o “esquecimento” alheio o guardava sem dizer nada a ninguém. Teve azar, porque os participantes do geo tour são todos sérios, e alguém o entregou ao António Garcia. Bem reparei na cara de desespero do Nuno, quando na pousada liguei ao António e me confirmou que o casaco e gps (com os tracks e com carga, acho que já tinha dito isso) estavam com ele. Restava-lhe a esperança do gps não ter carga para o dia seguinte, pois os tracks, esses, estavam lá.

Quando encontrámos o Nuno de novo, estava ele deitado na marquesa a usufruir de uma massagem. Não compreendi de imediato a cara de prazer que ostentava, só depois, quando me pediu dinheiro para pagar a massagem. Há indivíduos com uma lata impressionante.

O jantar correu bem. Depois do jantar a organização presenteou-nos com um passeio nocturno (até ao autocarro e de saco às costas) para fazermos a digestão antes de irmos dormir. Agradeço a ajuda do Luís Cordeiro que se prontificou para levar o meu saco em cima do seu que tinha rodas. Acredito que se tenha arrependido, tal o peso que aquilo mandava, mas aguentou-se até ao autocarro de sorriso nos lábios. É este o espírito do Geo Tour e é também por isso que gosto tanto disto.

A viagem para a pousada foi um misto de sensações; muito calor, enjoos, flashes, má disposição, enjoos, quase vómitos e outras coisas más. Quando lá chegámos ainda fiquei um bocado a recuperar com o ar fresco da noite na tentativa de conseguirmos um quarto nas casas de casais, mas como eramos um casal de três cheirou a badalhoquisse à senhora e acabámos por ir dormir na camarata da pousada, nós e mais 20 (no mesmo quarto). Ainda bem que fomos, porque com o passeio depois de jantar o Ernesto, o Afonso e o Diogo prepararam um reforço (já a pensar nos 85 quilómetros do dia seguinte) à base de queijo da serra, pão, vinho tinto e voilá fomos dormir muito mais compostinhos. Não posso deixar de referir o pijaminha à macho que o Ernesto envergava. Que coisa espectacular. Quanto mais não fosse, só por isso valeu a pena ir ao Geo Tour. É que além do mais o Ernesto fazia-se acompanhar daquela atitude de gaja que sabe que é boa e gosta de se mostrar só para podermos sentir aquela sensação de -podes ver mas não tocas. 

Acabei por dormir com um olho aberto não fosse o Nuno aprontar alguma para o dia seguinte que pudesse comprometer a nossa prestação.










Domingo

Como não conseguiu, ao pequeno-almoço, fez as torradas dele e estragou a torradeira de propósito. O objectivo era apenas  tramar-me a mim, mas graças ao Nuno acabámos quase todos por comer pão congelado. Quem quiser agradecer pessoalmente ao Nuno, diga que eu disponibilizo o contacto.
Ainda assim o seu plano maquiavélo-diabólico ainda não tinha terminado.

Chegados a São Jorge da Beira dirigimo-nos à escola preparar as bikes para o segundo dia. O meu gps (o que tinha os tracks e por esta altura só meia carga) seguia juntinho a mim, para não desaparecer novamente. O David havia decidido seguir connosco (isto se conseguisse aguentar o ritmo) o que desmoralizou um bocado o Nuno, porque também ele tinha um gps com os tracks e com carga.

Ainda assim enquanto subíamos a pé para a escola, o Nuno seguia de sorriso nos lábios, enquanto eu e o David com os ombros e as costas doridas do dia anterior. Pudera com uma massagem ainda por cima aqui à conta do pato, não podia ir de outra forma. A mim além das costas doía-me também o ego.

Tal como no dia anterior, partimos depois do nosso grupo, nada que nos preocupasse, pois com o ritmo que iríamos impor depressa chegaríamos à frente. O aquecimento fez-se com a subida que nos esperava.

 Gostei imenso de fazer o carreiro do dia anterior (perto de Barroca do Zêzere) em sentido contrário.
Os quilómetros foram passando a bom ritmo sem que se desse por isso, consequência do excelente percurso idealizado para este segundo dia, mas o Nuno ainda não tinha desistido do boicote, vai daí, quando parámos para tirar uma fotografia, resolveu partir-me o suporte do gps (aquele que tinha os tracks e meia carga). Valeu-nos o David que tinha levado o seu (curiosamente com carga e com os tracks) para nos orientar até ao final. O meu foi até ao Fundão no bolso.

A chegada ao Fundão fez-se a subir e com vento contra. Valeram-me os dois armários que me acompanhavam para me esconder atrás.




Epílogo

Tudo está bem quando acaba bem. O Geo-Tour 2015 foi mais uma vez dois dias de festa extraordinários. Adoro esta gente que faz tão bem e recebe ainda melhor.
Os objectivos foram cumpridos, o meu –fazer o meu parceiro sofrer um bocadinho mais que eu e o do meu parceiro que não percebi bem, mas acho que era chegarmos os dois ao fim sem gps. Regressámos a casa de alma cheia, até porque os patrocinadores ficaram satisfeitíssimos com a nossa participação/ classificação. Eu fui o melhor da minha rua, o David foi o melhor da dele e o Nuno, o melhor do prédio.



Epílogo II

Comecei este relato referindo que os erros nos fazem aprender. No meu caso o erro foi propositado, porque em equipa vencedora não se mexe. O Nuno (que é o maior) é um parceiro destas coisas, das corridas, das festas e de todas as outras coisas que compõem uma grande amizade, daquelas à prova de quase tudo. Digo quase tudo porque ainda não falo com ele, mas fá-lo-ei, assim que me pague um suporte de gps novo J




Por tudo isso, tenho a certeza que para o ano repetirei o parceiro, sim, porque a menos que faleça, é certinho que lá estarei.

nota: as fotos são minhas, do Nuno, da Senhora do btt e do Pedro Matias.

1 comentário:

Pinto Infante disse...

Boas Ferrão.
Li a tua soberba reportagem, e que pena tenho não ter participado em mais esta aventura.
O problema do facebook. não tenho...já foste!!!
Nem soube de nada.
participei na primeira edição, e é daqueles eventos que tem que se registar na agenda.
Parabéns pelo post
Pinto Infante