Às vezes as melhores ideias surgem de repente e quase do nada. Só por isso, pelo facto de surgirem, fazem com que a história se escreva de forma diferente. Obviamente a história não acontece sem intervenientes. É precisamente desses que reza a história que aqui se narra, todos aqueles que participaram e deram início ao Assalto ao Caramulo. A jornada foi épica, nem todos conseguiram levar por diante os seus intentos, muitos tombaram antes do fim, mas pelo menos ousaram fazê-lo. O que aqui fica, mais não é do que uma descrição dos factos, de como tudo aconteceu, ou pelo menos do que chegou até aos nossos dias.
Numa época em que o país e o mundo se encontravam mergulhados em trevas profundas -por culpa do governo- (expressão que na época era bastante trivial) meia dúzia de jovens (diz a lenda que descendentes remotos de cerebrus) estatuíram um assalto ao Caramulo. Não que esse assalto fosse mudar sobremaneira o estado das coisas, mas porque não tentá-lo?
O motivo original de tal demanda nunca ficou muito bem esclarecido, as versões existentes divergem nalguns pontos, mas ao que parece (e como é costumeiro) envolvia gajas.
Posto isto no provecto ano de 2008 e graças à internet (ferramenta deveras remota, que na altura servia a comunicação entre seres que se mantinham fisicamente distantes) aprazou-se o 1º dia de Dezembro, como o ideal para tal pleito. Elegeu-se tal data, ao que parece, por coincidir com o final da temporada da azeitona, e ainda deixar uma ou duas semanas para total dedicação às decorações natalícias.
O objectivo seria apanhar o Caramulo desprevenido, conquistando-o até ao topo. Os opugnadores atacá-lo-iam por todos os lados. Foram organizadas várias frentes, a de Vila Nova de Monsarros, Tondela, Mortágua, Canelas, Águeda e Anadia, e mais uns quantos que chegando de várias partes da nação se juntariam às diversas frentes conforme se lhes aprouvesse.
Depois de tudo plasmado, aguardava-se com alguma expectativa a chegada do dito dia. A jornada não antevia grandes dificuldades, até porque o Caramulo desacautelado, não ofereceria grandes dificuldades, ou pelo menos era isso que se esperava. Mas na guerra, nunca se pode tomar como certa a fraqueza do oponente.
Com a chegada do dia, as várias frentes organizadas iniciaram o assalto ao Caramulo, cada um pelo seu flanco. O objectivo final era o encontro das hostes em Olho-de-boi, dando depois origem a um desfile comum (onde a vitória seria devidamente comemorada) até à localidade de Malhapão de Cima, onde todos os intervenientes seriam apoteoticamente recebidos pelo Sr. Cardoso e a D. Adelaide no Penedo Serrano onde se daria início a um prândio de celebração.
Mas as coisas não correram exactamente assim. O Caramulo defendeu-se como pôde, e fê-lo de forma notável. Largou frio e neve de forma tão abundante, que dificultou deveras a progressão das hostes. Alguns temendo o que os esperava, nem chegaram a partir. Dos outros, só alguns conseguiram chegar a Malhapão, mas esses foram devidamente recompensados com o prometido banquete que os esperava, bem como por duas lareiras que ardiam copiosamente. Ainda os esperava o regresso em iguais condições, mas esse seria a descer e a aguardente e a jeropiga fornecidas pelo Sr. Cardoso muito contribuíram para ajudar a embalar monte abaixo.
A vitória ainda que não tenha sido total, soube muito bem. O assalto ao Caramulo com estas condições não se afigurou de facto tarefa fácil, mas talvez por isso mesmo tenha sabido tão bem e tenha permanecido na memória de todos os que nele participaram.
Este ano vamos lá outra vez, vamos esperar para ver o que nos aguarda…
O assalto ao Caramulo, por ser uma coisa nunca antes feita, tão diferente e tão original, merece de facto ser exortado e continuado ao longo dos anos. A todos cabe não deixar morrer esta iniciativa única.
Algumas fotos deste dia épico.
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