E pronto, já está. Estou agarrado
a isto, não há volta a dar. Mas voltando ao início…
Nunca gostei de correr. Também
era consideravelmente mais pesado e com a gravidade sempre contra mim, correr
era um suplício.
Há uns meses, numa descida de
Bulnes, a par com o Sanches, e para recuperarmos o atraso para os nossos
companheiros, iniciamos a descida a correr. O objectivo seria apanhá-los, mas
como nos estávamos a divertir à grande, resolvemos continuar até lá abaixo,
apesar da descida ser bastante técnica. Gostei tanto, que resolvi fazê-lo mais
amiúde. Foi aqui o início de tudo. A par do btt corria algumas vezes, mais para
fazer alguma coisa (naquelas tardes/noites de inverno em que não apetece
pedalar) do que por gosto.
Durante este verão comecei a
fazer algumas corridas de trail. Cada vez gostava mais. É mais duro que a
corrida de estrada, mas muito mais aliciante e divertido. Também reaprendi a
correr, ou seja, agora corro melhor, de forma mais correcta (todas as vezes
tento melhorar) e talvez também por isso me divirta mais. Experimentei as
Vibram Five Fingers que me ajudaram bastante nesse ponto. É curioso a forma
como nos obrigam a correr, em “bicos de pés” quase sem apoiar o calcanhar; como
deve ser. Também é interessante o facto de deixarem os gémeos bastante doridos,
mesmo quando se está habituado a correr. O maior inconveniente são mesmo as
descidas onde se apoia o pé com mais força, mas nas subidas e a direito gosto
bastante da sensação de não amortecimento.
Desta feita decidi então
experimentar uma corrida “a sério” (mas com uma distância a brincar) para ver
como era e quais as sensações. Comecei pelo Ax Trail Series onde fui apanhar a
3ª série. A jornada dupla Benfeita/ Fajão, com 11 e 35 quilómetros
respectivamente. Decidi que para primeira vez bastariam os 11 quilómetros do
primeiro dia com os seus 535 m
de acumulado.
Por ser uma distância curta, o
início foi às 15 h. Como estava mais cá para trás, após os primeiros metros de
corrida e de confusão inicial entrámos num carreiro onde não dava para
ultrapassar, quer dizer, dar dava mas só empurrando os outros literalmente para
as couves e não me pareceu boa ideia na altura. À distância de hoje já não me
parecia tão mal…
Assim foi ao longo de algumas
passadas sendo que a isso se associaram as subidas e a corrida passou a
pedestre. Acho piada ao pessoal que na partida se atira lá para a frente a todo
o gás mas depois na primeira subida “desmonta” e depois só empatam. Já nas
bikes acontece o mesmo.
Passada essa parte, a corrida
correu com normalidade (sim, porque até aí tinha andado) e deu para apreciar
devidamente toda a beleza do percurso. A organização esmerou-se no que nos
apresentou, aproveitando muito e bem da beleza natural, mas notou-se em muitos
sítios bastante trabalho de limpeza e abertura de trilhos.
A meio do percurso havia um
abastecimento líquido só de água, mas dada a distância também não era preciso
mais. Realço a beleza das Fragas da Pena, um local lindíssimo mas bastante
técnico a exigir alguma atenção onde se punha os pés.
Mais para o final, ainda passamos
pelo pessoal do pedestre que vinha em sentido contrário.
Pouco depois chegava o final.
Admito que a saber ligeiramente a pouco, mas acho que foi a opção certa.
Gostei imenso do espírito da
coisa, dos participantes e da organização. Pessoal muito simpático e sempre
prestável para o que fosse preciso. As marcações também estavam
irrepreensíveis. Apesar de ser a primeira vez que participo numa corrida de
trail, deu para ver que tudo correu bem. Uma boa organização é uma boa
organização seja em btt ou trail run. Os meus parabéns à Go Outdoor (e com
isto, a oferta da inscrição para o K42 é quase uma certeza).
Para a próxima será o K42. Isso está decidido.
Só falta decidir a distância, 21 ou 42 quilómetros. A
ver se não me junto a más companhias que me querem levar para os 42 e
desgraçar-me a vida. É o mais certo.